Em 2008, cinco mulheres, das quais Graça Rojão, fundaram a Coolabora, uma cooperativa que tem como áreas de intervenção a Economia Social, o Voluntariado, a Inclusão Social e a Violência Doméstica e de Género, o seu foco central.
Como é que surgiu a Coolabora? E porquê?
A Coolabora surgiu há nove anos atrás (fizemos nove anos a semana passada), de um grupo de mulheres que já estava a trabalhar em iniciativas de intervenção social noutras organizações e achámos que podíamos ter um projeto com outros valores, com outros princípios e resolvemos largar os locais onde estávamos para fundar a Coolabora e termos um projeto mais assente na participação, mais assente em valores éticos nos quais nós nos revíamos e mais assente também numa lógica colaborativa, horizontal, de estar em rede com outras pessoas e com outras organizações.
E porquê uma cooperativa? Porque não outro tipo de organização, por exemplo, associação?
Nós escolhemos uma cooperativa porque também entendemos que é interessante pensar em organizações que funcionem de uma forma mais horizontal. Numa cooperativa o poder de cada cooperante é igual e, portanto, cada cooperante tem direito a um voto independentemente do capital social que detenha na cooperativa. Portanto, achamos que era uma forma organizacional que respondia, de um ponto de vista também de princípios, àquilo que eram os nossos objetivos. E por outro lado, porque a cooperativa permite também de alguma forma a prestação de serviços, que é mais vedada às associações, e com a prestação de serviços nós queríamos e queremos ganhar alguma autonomia financeira.
Nos primeiros tempos da Coolabora sentiram desafios? E se sim, quais?
Sentimos nos primeiros tempos e continuamos a sentir permanentemente desafios. Vão mudando os desafios, mas de alguma forma, o trabalho em rede com outras pessoas e com outras organizações também nos traz sempre aquilo que são as necessidades de terreno e por outro lado também questiona aquilo que são as nossas práticas e as nossas respostas. Portanto, os desafios mantêm-se desde o momento fundador. Aquilo que nos preocupa neste momento é sobretudo até que ponto é que as organizações de carácter cívico e solidário têm efetivamente um espaço para continuar e para subsistir, porque também nos parece que existem algumas tendências no sentido de contrariar aquilo que possam ser espaços de participação cívica mais ativa.
Quando fundaram a Coolabora já sentiam essa tendência ou têm vindo a sentir nos últimos tempos?
Nos últimos tempos, nos tempos mais recentes, penso que houve algum desagravamento. Mas se pensarmos, sobretudo aqui há quatro/cinco anos atrás houve uma pressão muito grande e uma desvalorização, também, daquilo que é o trabalho das ONG. O que me parece é que a nível local, à medida que as organizações vão trabalhando, se vão afirmando na comunidade, e vão demonstrando aquilo que são capazes de fazer, começam a ganhar algum reconhecimento público, isso também as enraíza. Há um reconhecimento de trabalho que vai sendo feito. Sobretudo na fase inicial da Coolabora, o facto de nós termos começado mesmo com um foco muito centrado nas questões da igualdade de género levantou algumas dúvidas. Sendo que a primeira dúvida que se levanta na comunidade é baseada naquele estereótipo “mas porquê falar nos Direitos das Mulheres, quando hoje as mulheres têm os mesmos direitos” há um senso comum que diz que a situação dos homens e das mulheres é hoje igual. Portanto, quando nós trabalhamos este tema temos que trabalhar muito também a desmontagem desses estereótipos todos que favorecem que haja uma ocultação do problema. Na fase inicial era muito mais duro mostrar que existe o problema, que existe essa dificuldade e afirmar ações concretas pela igualdade.
Disse que começaram pela igualdade de oportunidades entre mulheres e homens. A Coolabora foi criada com o objetivo de intervir apenas nesta área?
Nós consideramos que as questões da igualdade (entre homens e mulheres) são o nosso foco central. Porque se a Coolabora centra a sua intervenção naquilo que tem a ver com o combate às desigualdades e às injustiças, a desigualdade entre homens e mulheres é a mais transversal de todas na nossa sociedade. E portanto, essa tem que ser e é, obviamente, o nosso foco central. O que não significa que não olhemos também para a questões concretas da comunidade cigana, por exemplo, ou das pessoas que são desempregadas de longa duração, etc. Mas isso são coisas que nos vêm do terreno. O que nós tentamos é ter uma resposta em relação aos problemas que nos chegam, tendo como eixo central aquilo que é promover a igualdade de oportunidades para todos e para todas.
E como é que vocês o fazem na prática? Que tipo de atividades realizam, com quem e dirigidas a que público alvo?
Nós temos uma metodologia de intervenção que tem, pelo menos, dois princípios muito estabelecidos. Um é trabalhar sempre numa lógica de criação de novos espaços de participação, isto é, trabalhar com as pessoas e criar espaço onde elas possam também expressar aquilo que são as suas vivências, os seus saberes, os seus anseios. O segundo é trabalhar em parceria, em redes, trabalhar com outras organizações. E em termos de princípios de intervenção, essas duas vertentes são muito claras naquilo que nós fazemos. O que é que nós fazemos mais concretamente? Trabalhamos muito a sensibilização da comunidade para as questões da igualdade e fazemo-lo através das escolas, por exemplo, com sessões formativas para professores e professoras, mas também através do UBICOOL que é um grupo de voluntariado, sobretudo com voluntárias estudantes da Universidade (da Beira Interior), que fazem semanalmente intervenções nas escolas da Covilhã sobre a igualdade de género e a violência no namoro e também sobre bullying e resolução não violenta de conflitos. Trabalhamos muito a sensibilização da comunidade através da organização de eventos, de debates, de reflexões, de ações que ponham as pessoas a questionarem-se sobre as desigualdades que existem em termos de homens e de mulheres, dos Direitos. Trabalhamos também ao nível da capacitação das mulheres para o exercício do poder. Nós estamos num concelho com um número muito grande de associações culturais, recreativas, desportivas, etc. e temos uma presença ínfima das mulheres na liderança das organizações. Também é neste sentido que trabalhamos muito as questões da liderança e da ação política, entendendo aqui “política” não só como ação partidária, mas também no sentido da capacitação das mulheres para o exercício do poder. Trabalhamos também com as coletividades, tentando integrar naquilo que são as atividades das associações as questões que têm a ver com a igualdade de género, a reflexão em torno dessas problemáticas. Porque sem refletir e sem questionar as próprias práticas pessoais e o próprio contexto não se faz transformação. E temos, e isso é uma área muito grande do nosso trabalho, trabalho de prevenção e combate à violência doméstica e de género, com um gabinete na Covilhã, um gabinete em Belmonte e com uma rede de entidades que formam uma parceria que trabalha nessa área e que permite, não só articular as intervenções, como também articular respostas no imediato em situações de urgência, desde o Instituto de Medicina Legal, ao Hospital, ao Centro de Saúde, às Forças de Segurança, ao emprego, à habitação de emergência, Câmaras, etc. Essa é uma área muito forte do nosso trabalho. Para além disso, trabalhamos com a comunidade, nomeadamente, com as crianças e jovens em situação de abandono escolar; trabalhamos com a comunidade cigana, temos os grupos de entreajuda para a procura de emprego, temos o programa mentores para migrantes, que funciona aqui na Coolabora também com recurso a pessoas voluntárias. A Coolabora tem um grupo muito grande de pessoas voluntárias.
São quantos?
São cerca de meia centena de jovens no UBICOOL, depois há as pessoas que fazem aqui voluntariado na organização de eventos, de realização de iniciativas, talvez umas 15 pessoas. Há os mentores para migrantes que são voluntários, as pessoas que só fazem trabalho específico com as crianças e os jovens que estão no bairro social, etc. Para talvez uns 65/70, mais ou menos. Trabalhamos sempre com outras organizações, por exemplo, no One Billion Rising que realizámos há poucos dias envolvemos mais de 20 organizações. Isso também nos permite ir mais longe, implicar um número maior de pessoas, pôr mais pessoas a refletir sobre as questões da violência e sobre as desigualdades. Temos também algumas iniciativas no âmbito da Economia Solidária, porque acreditamos seriamente que podemos pensar em paradigmas alternativos àquele que temos atualmente, com relações menos mercantilizadas, mais solidárias e nesse contexto temos o grupo Troca a Tod@s, que integra, sobretudo, mulheres, mas também integra homens, gente mais jovem, gente mais velha, pessoas que têm preocupações com os estilos de consumo e que procuram respostas alternativas, mais solidárias e mais ecológicas. O grupo envolve também pessoas que estão em situação de desemprego e conseguem ver aqui uma forma de promover os seus produtos ou os seus serviços. Portanto, acaba por ser um espaço de cruzamento de uma diversidade muito grande de propostas e pessoas.
Uma das vossas áreas intervenção é a violência doméstica e igualdade de género. Que necessidades é que encontraram a nível local, a que era preciso dar resposta?
Nós no início começámos por trabalhar sobretudo, com formadores e formadoras e também com docentes das escolas porque achámos que podia e devia ser um caminho importante para cortar a reprodução dos estereótipos. E foi um pouco a partir deste trabalho de terreno que percebemos que era fundamental criar uma resposta de proximidade em relação à violência doméstica. Porque não havia nenhuma resposta aqui na zona, as pessoas quando muito iam a Castelo Branco, aliás, na altura, a própria resposta que havia, que é diferente do que existe hoje, não estava muito estruturada e, portanto, avançámos para a criação do Gabinete de Apoio a Vítimas, efetivamente por sentirmos que era uma necessidade para a qual era urgente encontrar uma solução de proximidade. Aliás, foi elucidativo o facto de antes do dia da inauguração do gabinete, já termos pessoas a perguntar “Quando é que abrem que eu preciso de ser atendida?” Neste momento temos cerca de 140 atendimentos de novos casos por ano, o que numa região interior e com uma densidade populacional tão baixa como a nossa é um volume altíssimo.
Da sua vivência na Covilhã e da sua experiência de trabalho, do seu contacto com as pessoas, olhando para trás, como é que diria que tem sido a evolução da igualdade de oportunidades entre mulheres e homens?
De um modo geral, eu acho que são inegáveis os progressos que têm havido nos últimos 50 anos. Portanto, há uma transformação brutal entre aquilo que seriam os Direitos das Mulheres na Covilhã há 50 anos atrás ou aquilo que são hoje. E apesar de sermos uma cidade onde as mulheres entraram no mercado de trabalho em força e há muitos, muitos anos, não houve paralelamente uma entrada dos homens naquilo que são as responsabilidades familiares o que significa que a vida delas era muito, muito dura. E se pensarmos que era uma região assente em mão-de-obra intensiva, nomeadamente em confeções de vestuário, com salários muito baixos, a externalização de funções que poderiam de outra forma ser pagas e ser desempenhadas fora da esfera doméstica, não acontecia. O que significa que elas tinham uma carga muito muito forte. A esse nível há algumas mudanças, mas não significa que não haja ainda um percurso gigantesco para se fazer.
E desde a intervenção da Coolabora?
O que eu acho que a intervenção da Coolabora fez foi colocar um holofote sobre o problema e aumentar a consciência das pessoas em relação a ele. Daí até transformarmos as vivências mais pessoais é capaz de haver ainda muito caminho a fazer. Mas, por colocarmos a questão da igualdade na ordem do dia, por organizarmos debates, por levantarmos a questão, fazermos exposições, etc. estamos a lançar um processo de mudança e criar bases para que haja a transformação. Mas tal não significa que não haja ainda um caminho gigantesco para percorrer. No que tem a ver com as questões da violência doméstica, é óbvio que é muito mais fácil passar a mensagem sobre a intolerância face à violência doméstica, é mais fácil mobilizar organizações para trabalhar contra a violência doméstica, do que para a promoção da igualdade de género em geral. Porque a desigualdade de género está de tal forma ocultada, que exige um trabalho muito mais profundo.
A Graça trabalha há mais de 20 anos na área do desenvolvimento, o que é que a motivou a ingressar na área e o que é que a leva a manter-se?
Eu acho que o facto de ter nascido numa cidade operária e ter sete anos quando ocorreu o 25 de abril permitiu que assistisse às lutas operárias na cidade, ainda que não as entendesse perfeitamente, e que também permitiu que assistisse às lutas pelo controlo de algumas quintas, por parte dos trabalhadores. Penso que isso me marcou e que me fez ter uma preocupação muito forte com a justiça social. Na adolescência sonhava que iria trabalhar pelo desenvolvimento de um país de terceiro mundo. Um dia mais tarde fui visitar uma feira e conheci uma ONG que trabalhava sobre Educação para o Desenvolvimento e sobre o diálogo entre os países ditos desenvolvidos e os países ditos subdesenvolvidos, no mesmo dia inscrevi-me como voluntária. Algumas semanas mais tarde passei a ser animadora de projetos de Educação para o Desenvolvimento dessa ONG aqui na região. Acabei por estar ligada a esses projetos uns sete/oito anos, não sei bem. Também durante a licenciatura em Sociologia fui escolhendo as cadeiras que tinham a ver com desenvolvimento local, porque entendi que era uma área que me interessava profissionalmente: vir a fazer alguma coisa por aquilo que estava à minha volta, torna-lo um pouco melhor, de acordo com aquilo que é possível fazer. Mas acho que o que me motiva a manter nesta área é sobretudo a reação à injustiça e às desigualdades.
A Coolabora fará 10 anos no próximo ano, quais considera que foram até agora os maiores feitos e o que é que ainda falta fazer?
Bem, o que falta fazer é gigantesco (risos). Incomensurável. Um dos maiores feitos foi a estruturação de uma resposta regional em relação à violência doméstica que funciona muito bem. Nós ouvimos constantemente as pessoas queixarem-se das parcerias alargadas, das redes que não funcionam, das reuniões de parceiros onde não aparece ninguém e nós temos já há muitos anos a esta parte, por exemplo, reuniões bimestrais da parceria Violência Zero, em que geralmente até vêm mais pessoas do que aquelas que está previsto virem. Portanto, aquilo que nós conseguimos estruturar de uma forma mais eficaz é efetivamente a resposta regional na área da violência. É óbvio que temos de contar e temos tido também essa sorte, com organizações e até mesmo com organismos públicos, que apesar de todas as dificuldades internas, se mobilizam efetivamente para encontrar respostas, para construir soluções. E acho que isso tem sido muito importante pela resposta aos problemas da violência. Esta rede tem sido uma oportunidade de aprendizagem para todas as organizações, porque é importante que percebamos que podemos estar em parceria, podemos manter a nossa individualidade, a nossa autonomia, as nossas visões diferentes das da entidade que está ao nosso lado, mas que nos podemos cruzar e estar em relação. Isso obriga a um esforço de respeito mútuo e ao desenvolvimento de capacidades ao nível da cooperação interinstitucional que são muito importantes para a questão da violência, tal como como são importantes para a resolução de todos os outros problemas sociais. Penso que isto tem sido uma resposta boa e que foi uma conquista da Coolabora, mas acho que também todo o trabalho de sensibilização em relação à igualdade de género e a outros paradigmas de vida coletiva também é extremamente importante. Se pensarmos que nós temos um modelo de vida coletiva, que está assente numa sobreexploração da natureza, que não há planetas suficientes para resistir ao nível de consumo que nós temos, que há injustiças sociais, que há desigualdades e que podemos, eventualmente, questionar tudo isso e pensar que é importante nutrir também outras formas de nos relacionarmos, mais ligadas à natureza, mais ligadas à relação e ao cuidado que temos com todos e com todas, que podemos trocar bens e serviços, de uma forma não mercantilizada, que podemos criar outro tipo de relações. Eu acho que mesmo as iniciativas pontuais que vamos fazendo ou até mesmo os grupos de entreajuda para a procura de emprego, provam que é possível ter outra forma de relação mais solidária, mais baseada na entreajuda, que não há apenas um único caminho. Por exemplo, há aquela máxima que diz que tempo é dinheiro, nós contrapomos que tempo é vida. Portanto, mais importante que o dinheiro é a vida que nós temos. E acho que o facto de demonstrarmos com iniciativas pontuais, pequeninas, grãos de areia, como nós dizemos muitas vezes, que há outras possibilidade, isso também obriga a que as pessoas questionem aquilo que são os seus padrões de vida.
Pensando em todo o trabalho que já realizou na Coolabora e anteriormente, quando era animadora de Educação para o Desenvolvimento, sente que, como disse, já conseguiu melhorar um bocadinho o mundo à sua volta?
Eu acho que nós fomos tornando, durante todo este período, mais leves as vidas de muitas pessoas, mas não posso dizer que o mundo hoje seja um local melhor e mais seguro para vivermos todos do que era, por exemplo há 20 anos atrás. Isso não me parece que seja verdade. Parece-me que hoje há desafios que são muito perigosos e, portanto, de um ponto de vista estrutural, penso que estamos numa situação de pré-caos. Basta pensarmos nos desastres ecológicos, basta pensarmos que o planeta está cada vez acima da sua capacidade de carga, basta pensarmos de um ponto de vista político, na saúde das nossas democracias, para sentirmos que estamos numa época de grandes riscos.
Tendo em conta esta época de grandes riscos, quais são as suas perspetivas de futuro?
Eu sei que sou exageradamente otimista e de alguma forma, tento conter-me (risos), mas acredito que estejamos também num momento de viragem e que possamos passar por uma crise profunda que nos possa abrir para modelos de vida, para paradigmas mais amigáveis do ser-humano e da natureza. Penso que estamos num momento em que pode haver uma crise de tal forma profunda que nos pode obrigar a reequacionar tudo. Se nós olharmos, por exemplo, para propostas alternativas que hoje surjem, desde o decrescimento, ao buen vivir, etc., sobretudo, vindas dos países do Sul, acredito que possa estar a emergir alguma coisa de novo, mas também acredito que até conseguirmos estruturar um modo de relacionamento alternativo, somos capazes de ter um período de crise relativamente difícil.
E pessoalmente, onde é que se vê daqui a 10 anos?
Eu daqui a 10 anos… Não me vejo a fazer uma vida muito… Eu gosto muito do trabalho que faço e vejo muitas vezes as pessoas dizerem que à segunda-feira custa tanto, “Bolas, mais uma semana de trabalho”. Eu gosto muito do meu trabalho e faço-o com muita vontade e gosto muito das pessoas com quem trabalho, acho que dos aspetos mais positivos que a Coolabora tem é a equipa, é o facto de ter uma equipa muito solidária. E portanto, nós podemos organizar um evento, podemos organizar uma atividade difícil, mas sabemos que está lá toda a gente empenhada e a colaborar e se há alguém que tem algum problema, mesmo que seja pessoal, sabemos que temos uma rede de entreajuda forte. E portanto, como gosto muito do trabalho que aqui faço, espero daqui a 10 anos ainda cá estar a fazer as mesmas coisas. Mas se há alguma coisa que eu gostava mesmo muito de mudar na minha vida, parece um contrassenso, mas não é, era trabalhar menos horas e ter mais tempo para tratar da minha horta, do meu quintal, para dar passeios a pé com os filhos, ou seja, ter mais tempo livre.
Há alguma coisa que queira acrescentar?
Se calhar, acrescentava uma coisa que eu acho que ajuda a entender qual é o significado de iniciativas muito pequenas. Há uma frase do Galeano que se ouve muitas vezes e que diz que “muitas pessoas, fazendo coisas muito pequenas em lugares muito pequenos, conseguem mudar o mundo”. E acho que isso nos faz sentido, ou seja, nós fazemos no contexto em que vivemos, o melhor que sabemos e que podemos em cada momento. Sabemos que são coisas muito pequeninas, mas acreditamos que se houver muitas pessoas a fazer coisas muito pequeninas, em muitos locais, que isso pode ajudar a mudar o mundo.