Teresa e Joana Sales são mãe e filha e juntas lutam ativamente pela Igualdade de Género. Foi apenas o início quando Joana, aos 12 anos, passou a utilizar só o apelido da mãe. Teresa juntou-se à luta e hoje partilham mais do que ideias: ativismo feminista, principalmente através da UMAR.
Quando é que se aperceberam que eram feministas?
Teresa: Desde sempre que fui feminista. A minha mãe sempre me ensinou que as raparigas têm que estudar e trabalhar para nunca dependerem de um homem. Eu lembro-me que tinha uma empregada doméstica que chegava lá a casa batida. E sempre me insurgi. A verdade é que ir à polícia não dava em nada.
Em minha casa o meu pai fazia a comida, partilhava as tarefas com a minha mãe, que não era normal nos anos 50. Apercebia-me que havia uma discrepância entre o que se passava em minha casa e na dos outros.
Joana: Acho que me comecei a sentir como feminista através do assédio sexual de rua, já desde pequena. Foi aquilo que me fez sentir a opressão machista. É aí que começo a sentir a invasão, o que é o poder masculino sobre nós.
Faz 10 anos que o aborto deixou de ser penalizado. Como é que viveram essa vitória?
Teresa: Tanto uma como outra estivemos bem metidas no movimento pelo Sim. No dia 11 [de 2007], quando terminou estava toda chorosa! Foram tantos anos, isto foi uma luta brutal!
Joana: Entre o referendo de ’98 e o de 2007, houve muitas tentativas e estive sempre ativa nesses anos. Houve julgamentos de mulheres por abortos em que cheguei a estar em frente ao tribunal. Foi uma luta mesmo muito grande.
O que é que acham que falta ao feminismo em Portugal?
Teresa: Atualmente as mulheres quase todas dizem que são feministas, começa a tornar-se “moda”. Faz muita falta é o ativismo feminista, que as mulheres se unam para lutar contra as discriminações.
Joana: O feminismo está muito mais “desestigmatizado”, e isso é bom. Cada vez mais estrelas da cultura pop dizem ser feministas e têm essa influência. Apesar disso, as outras pessoas do movimento geral ainda não se incluem muito. Acho que as pessoas não veem isto como um assunto também político e como um direito humano fundamental.